Sabe aquele hábito corriqueiro de ir até o mercadinho da esquina, o super mercado do bairro ou a feira livre da semana para abastecer o estoque de comida, pois muito bem, esse simples HÁBITO, quase que feito no modo automático, é repleto de atos políticos, são tantas as decisões tomadas, disfarçadas entre um tomate e uma caixa de cereal, que mal assimilamos o quão importante nossas escolhas ao consumirmos nossos alimentos podem impactar o planeta e a sociedade em que vivemos!
Voltando um pouco, segundo o autor do livro O Poder do Hábito: Por que fazemos o que fazemos na vida e nos negócios, Charles Duhigg, nossos dias são repletos de hábitos, aquelas atividades/ações que fazemos e que mal precisamos pensar para tal, pois quase como uma máquina, nosso cérebro prefere economizar o máximo possível energia e apenas repetir e repetir certas atividades diárias sem muito esforço, quase que sem consciência nenhuma.
Pois é, e consumir alimentos, tanto no ato da compra como da ingestão em si, são alguns desses hábitos, e que, infelizmente, cada vez mais são feitas com ausência da consciência. E, assim como qualquer outro hábito, como bem destacado por Charles Duhigg, exige muito de nós seres humanos para que possamos trazer consciência de volta a estes atos e, consequentemente, construir um novo hábito. Novo esse que cada vez se faz necessário se queremos pensar em consumos que impactam positivamente o meio ambiente e os seres vivos.
Portanto, hoje quando falamos em consumo consciente não estamos apenas tornando mais amigável o ato do consumo, ou menos culposo, estamos de fato buscando que as pessoas ajam com consciência e pensem em cada um de seus atos de consumo diários! Sim, não basta aceitar modelos prontos ou o que a maioria fala, o que o governo diz ser o certo, ou o que seus amigos consideram ser um consumo consciente, isso vai depender de você, cada individuo deve ter o discernimento para saber o que consumir ou não!
Voltando ao caso específico que mencionei no início, o de consumir nossos alimentos, se eu te disser que consigo enumerar, ainda que de forma macro, 7 pontos a serem considerados antes de escolher o que levar para minha casa, aposto que você já vai ficar curios@. Afinal, que tanta coisa eu tenho que pensar antes de levar pra casa aquela barra de chocolate a qual desejo comer depois de um dia difícil de trabalho ?!
Sim, de fato é algo a se pesar e tentador; o desejo por uma recompensa doce após 8 horas de trabalho duro de um dia! Porém, será que só basta esse impulso para comprar?!
Se eu te disser que, segundo relatório encomendado pela Organização Internacional do Trabalho e pelo Ministério Público do Trabalho, entre os anos de 2017 e 2018, todo chocolate comercializado no Brasil está contaminado por trabalho infantil, será que só o desejo pelo doce bastará para essa compra a partir de hoje acontecer ? Será que se você deixar de comprar o chocolate por este motivo não estará mandando uma mensagem até os fabricantes, e os mesmos passarão a acompanhar sua cadeia de produção de forma mais atenta, e consequentemente contribuindo para uma mudança desse cenário de trabalho infantil ?!
Muitas são as reflexões quando passamos a incluir a consciência nas nossas atitudes, principalmente relacionada ao consumo! Nós consumidor@s temos como exigir mudanças, aquelas que desejamos para que tenhamos um vida sustentável sobre a Terra, no “simples” ato de compra, seja ele qual for. Somos capazes de que indústrias, produtores, governo, e todos os “players” de uma cadeia de suprimentos passem a agir de forma diferente se isso queremos, a partir das escolhas que fazemos de frente para a gôndola do supermercado!
Quando estou para comprar meus alimentos, sempre me pergunto se:
1- Esse alimento é orgânico ou está cheio de agrotóxicos, os quais contribuem para problemas de saúde pública no país, dentre outras questões?
2- Esse alimento é da época? - Afinal, sazonalidade faz parte da Natureza, e por que eu devo querer consumir um alimento que não está na sua época natural de produção!?
3- Esse alimento está embalado por plásticos, ou com muitas outras embalagens?
4- A quantidade desse alimento é demasiada e gerará desperdícios?
5- Por quem e como é produzido este alimento? - Quanto mais pessoas envolvidas, mas eu devo buscar saber da cadeia como uma todo e como se dão essas produções e vendas! (trabalho escravo/infantil, comércio justo, origem animal, etc)
6- Estou comprando direto do produtor ou de revendedores que encarecem o produto deixando menos dinheiro na ponta para o produtor?
7- Estou com minha sacola retornável ou tudo é embalado para transporte?
Essas são algumas das perguntas que me faço para considerar a compra ou não de algo! Mas antes de qualquer coisa sempre me pergunto: EU REALMENTE PRECISO COMPRAR ISTO OU É CONSUMO VAZIO?
Comprar tem que deixar de ser algo automático, um hábito imediatista, uma simples recompensa, e tudo sem CONSCIÊNCIA do que se está fazendo, devemos arcar com NOSSAS ESCOLHAS!
Se quer saber mais sobre consumo consciente, o Instituto Akatus tem muito material interessante, que vai te ajudar nessa sua nova empreitada! https://edukatu.org.br/
Boa sorte 😉