Neste último final de semana fiz uma pergunta no stories da Soul Verde, perguntando: Qual o nome da sua planta? - querendo saber, não o nome científico ou popular da planta, mas se quem acompanha a Soul Verde nas redes sociais dão nomes as suas verdinhas, como forma de demonstração de carinho, de que aquele ser vivo é algo para além do comum, de mais uma planta, mas sim a sua planta, que faz parte da sua vida e, portanto, é digna de cuidado, atenção e muito amor.
O resultado foi divertidíssimo, nomes desde os inspirados nos próprios nomes populares das plantas, como Samanta para a Samamabaia, Zeneide e Zamira para Zamioculca, Lídia e Lidiane para o Lírio da paz e Jorgina para espada de São Jorge, como Madalene, Jojô, Alfredo, Salazar, Fred e Florença. E não para por ai, até os insetos que moram nas plantinhas ganharam nomes, Genivaldo e Astolfo! rs
O hábito de nomear, não só plantas, mas, principalmente todos os elementos da Natureza como rios e montanhas não é algo novo, coisa de millennials, rs, na verdade sempre esteve presente na cultura indígena, muito como uma forma de respeito, de reconhecimento da importância e da sua interdependência com aquele elemento e com o todo Natureza.
Os povos indígenas têm muito a nos ensinar como nos relacionar de forma equilibrada e respeitosa com a Natureza, a mãe Terra, de onde eles tiram seu sustento de forma harmoniosa, o necessário apenas para sua sobrevivência, e não como forma de exploração, pautada na escassez, como são muitos dos povos não índia.
Recentemente em uma das LIVES que acompanhei, tive o prazer de ver o líder indígena, ambientalista e escritor brasileiro, Ailton Krenak (link da LIVE- https://www.youtube.com/watch?v=IrimVptFCqw&t=1037s), conversando com o repórter André Trigueiro, quem perguntou àquele sobre a relação de seu povo com o Rio Doce, então chamado por eles de Uatu, e tido como parte de suas vidas e suas famílias.
Lindamente Ailton relembrou o Monte Fuji, no Japão, onde, também culturalmente, respeitam e atribuem sentido a outros seres, dizendo que para os japoneses o Monte é uma senhora, a Senhora Fiji, a qual, durante a segunda guerra mundial, viu seus filhos irem para guerra e ao ficar os esperando voltar veio o inverno, o qual se eternizou pelo congelamento de suas lágrimas.
Contos, lendas e mitos como esse são a materialização dessa relação respeitosa com a Natureza que a maioria das civilizações atuais deixaram se perder, esquecendo que ali ao lado, entre prédios e asfaltos existe um rio, um pico, um jacarandá e uma nascente.
A desconexão, a falta de pertencimento, a indiferença com todos os outros seres vivos e "não"vivos, e as vezes até com a nossa própria espécie, nos faz aceitar os cenários que vivenciamos hoje, rios poluídos, desmatamentos, extinção de espécies da flora e fauna, contaminação de solo, escassez de recursos naturais, pois, afinal, para grande maioria de nós humanos isso está fora de nós, não faz parte do nosso eu material e imaterial.
Para quem é da cidade de São Paulo, eu pergunto, quantas vezes, ao passar de carro por alguma das marginais, se lembrou que ali ao meio, sem forma, sem espaço e quase sem vida está um rio, que mesmo nessas circunstâncias sua existência é fundamental para que a vida de muitos posso acontecer, inclusive a nossa.
Cuidamos e respeitamos daquilo que amamos, que fazem parte de nossas vidas, e, por este motivo, eu te convido a começar ou continuar a nomear suas plantinhas, sejam com nomes carinhosos, engraçadinhos, como queira, mas o faça, quebre essa barreira e permita que o vínculo seja refeito.
Inicialmente pode ser só suas verdinhas, depois quem sabe as verdinhas da sua amiga, os elementos daquela praça da esquina, do parque .. .
Nós da Soul Verde acreditamos que ter e cuidar de plantinhas contribui para um despertar, o da experiência significativa de ser parte de um todo e, consequentemente, passamos a cuidar e respeitar desse todo!
Quais são os nomes das suas verdinhas ?
Eu tenho a Frida, a Euphorbia Trigona da imagem, a Elga que é uma jibóia, a Samanta e Tabata que são duas samambaias .. . ixi, vai longe aqui !